Nos primórdios da informática ao serviço do produtor de leite

 por João GabrielFonseca Porto


Este Blog pretende deixar um registo que sirva de memória sobre o que foram os primórdios da informática e da primeira utilização de computadores ao serviço da agro-pecuária açoriana nos inícios dos anos 80 do século XX.

 A implementação de um vasto conjunto de software feito em DBASE e na linguagem GWBASIC / BASICA e utilizando os parcos recursos em hardware da época, consubstanciou então um projecto único no panorama português da extensão rural.



INTRODUÇÃO

Em 1981 a existência de aplicações informáticas destinadas à agricultura e à pecuária em Portugal resumiam-se ao sector industrial da CUF e da Quimigal e visavam a gestão das unidades fabris nas suas componentes produtivas de fertilizantes e rações.
No horizonte dos apoios directos aos produtores nada constava. Nos restantes países já a situação era oposta com grandes desenvolvimentos na denominada extensão rural estatal, na consultadoria privada ou de instituições cooperativas. Em França surgiam as primeiras aplicações informáticas com o Institute de Recherche Agricole (INRA) e a edição da primeira revista dedicada ao assunto.
Em Inglaterra, o MMB - Milk Marketing Board dava passos de gigante com o Contraste Leiteiro e informatização com a introdução de "main frames" da Digital DEC PDP-11 no seu centro em Thames Ditton. Os seus serviços de apoio técnico aos produtores constituíam uma fonte de crescimento e evolução ímpares na Europa. Mais tarde os Irlandeses do "An Foras Taluntais" iriam seguir e copiar todo o sistema inglês.

Em Portugal apenas a Faculdade de Medicina Veterinária através do Laboratório de Epidemiologia Veterinária, gerido pelo Dr. Tilak Viegas, experimentava introduzir métodos de trabalho mais avançados utilizando folhas de cálculo e bases de dados em DBase para implementar um programa de apoio a um pequeno grupo de explorações leiteiras em torno da região de Lisboa e com quem tivemos a oportunidade de trabalhar através do apoio financeiro da Fundação Luso-Americana.

Poderemos considerar que o então designado Sistema Inforlacto nos Açores (mais tarde viria a estender-se à ilha Terceira) foi considerado pioneiro no país e na Península Ibérica ao iniciar a sua actividade em Setembro de 1982 na ilha de São Miguel, Açores, tendo-se expandido anos depois até à América Latina (Argentina e Chile) com consultadoria na área da extensão rural.
O projecto foi também presente no Seminário de Epidemiologia Económica do II Congresso de Veterinária realizado em Lisboa de 21 a 25 de Novembro de 1983 pela Escola Superior de Medicina Veterinária.

Confraternização dos participantes no Seminário de Epidemiologia Económica
Presentes: Tilak Viegas (coordenador), Peter Ellis, Roger Morris, Carvalho Lousã, Peter Van Zeller, Arriago e Cunha, Mário Cunha, Sousa Guerra, Vale Henriques, João Porto entre outros.


Viria mais tarde a proporcionar à AJAM (Associação de Jovens Agricultores Micaelenses), sob a presidência do Médico Veterinário António Estrela Rego, o Primeiro Prémio Nacional estabelecido pela Caixa Geral de Depósitos a projectos apresentados por organizações de produtores.



SISTEMA INFORLACTO

O Projecto e toda a programação foram aplicados inicialmente no denominado Programa de Maneio das Explorações Leiteiras (PMEL) desenvolvido sob o patrocínio da Secretaria Regional que na altura tutelava o sector agro-pecuário açoriano sob a orientação do então Secretário Regional Dr. Adolfo Ribeiro Lima e do Director Regional  Dr. Luís Henrique Sequeira de Medeiros. Este projecto foi também conhecido nos finais dos anos 90 sob a designação de Programa de Melhoramento da Agro-Pecuária (PMAP).



A GTE - Gestão Técnico-Económica e o Controlo Reprodutivo - CFF - folhetos de divulgação.
Constituíam a base de trabalho do projecto.

  


A atividade do PMEL como programa piloto na introdução de Novas Tecnologias da Informação -NTI`s, iniciou-se com a consultadoria técnica a 30 explorações leiteiras da ilha de São Miguel distribuídas pela Bacia Leiteira de Ponta Delgada, Região Norte da Ribeira Grande e Bacia Leiteira da Povoação.


Demonstração do Sistema Inforlacto na Casa do Povo da Maia a um grupo líder
de produtores com os quais o projecto foi implementado.



Os programas informáticos visavam implementar análises de cariz técnico através da criação de indicadores que facilitassem a gestão das explorações nos seus aspetos económicos e de maneio. Assim foram criados 2 eixos de actuação de um Sistema Integrado de Gestão, denominado INFORLACTO e que incluía duas vertentes.

Primeira Vertente: suporte central do sistema de informação

1. Gestão Técnica e Económica (GTE) e Contabilidade Simplificada por Margens Brutas.
2. Controlo de Fecundidade e Fertilidade (CFF).
3. Contraste Leiteiro Privado (CLP).
4. Previsão da Produção Leiteira. (PPL).

Segunda Vertente: sistema de suporte periférico de trabalho no campo (inicialmente arrancou com a designação de LACTOPLAN)

1. Arraçoamentos para Bovinos Leiteiros
2. Economia de Controlo de Mamites
3. Fertilizações de Culturas Forrageiras
4. Planeamento Forrageiro
5. Sistemas "What if": Gestão de Quota Leiteira, Previsão de Produção Leiteira, Gerador de Fluxos de Caixa.

A estrutura então adoptada é a que representamos neste Organigrama concebido em 1982:


O suporte informático baseava-se num ZX81 Sinclair com 16K RAM, substituído mais tarde por um ZX Spectrum com 64K. A leitura dos programas em BASIC faziam-se num leitor de cassetes e a impressão numa impressora térmica de agulhas extremamente barulhenta.
Na sua componente periférica de apoio ao trabalho de consultadoria no campo fazia-se acompanhar de um pequeno televisor Philips onde era possível visualizar os resultados das operações.

Em 1990 já se operava com um PC com os seguintes pré-requisitos descritos em manual próprio:

1. Programa DOS versão 2.10, DOS 3.0 ou DOS 5.0
2. Mínimo de 320Kb de memória
3. Um sistema de Disco Fixo com o DOS no directório da Raiz e com uma unidade de diskette tal como o PC IBM XT ou AT
4. Uma impressora tipo Proprinter XL
5. Um monitor monocromático de 80 colunas

 


O micro computador ZX81 da Sinclair com o módulo 16K, o Leitor de cassetes com as cassetes e ainda o monitor de TV.
A pasta permitia a portabilidade e a deslocação até ás explorações ou a casa dos produtores do conjunto do hardware.


Um exemplo das curvas de lactação traçadas pelo ZX81

A base científica para o programa de Previsão da Produção Leiteira e do outro sobre a Economia do Controlo de Mamites estava assente em dois estudos realizados anos antes e que se encontram publicados pela Universidade dos Açores - UAç na Revista Arquipélago onde poderão ser consultados.


  


O Estudo das curvas de lactação tinham ajustamentos aos dados reais que muitas vezes situavam-se entre os 80 a 95% o que conferia ao trabalho de campo uma grande aceitação e credibilidade para todo o sistema de consultadoria.



  



Um exemplo de mapa de Previsão da produção leiteira executada durante 2 anos 
numa das maiores explorações leiteiras da ilha de São Miguel, A ALTIPRADO. Notar a
proximidade das duas curvas de produção - a real e a prevista, que só nos meses de
inverno se distanciavam por motivos ligados ao rigor invernal, carências alimentares,
mamites e brucelose.


A primeira apresentação pública no Projecto Sistema Inforlacto numa Feira Agrícola 
realizada em Santana com o Programa de Maneio das Explorações Leiteiras, então em
execução pela SRAP



A INFORMAÇÃO DISPONIBILIZADA
PELO SISTEMA INFORLACTO
 (primeira vertente)


Distribuição do Projecto pelas 6 zonas da ilha de São Miguel
onde em 1994 chegámos a trabalhar com cerca de 200 explorações leiteiras todas codificadas.




1. CONTRASTE LEITEIRO PRIVADO (CLP) 




O CLP na sua apresentação ao produtor



O CLP, sendo o programa de trabalho mais antigo, tomou esta designação para se diferenciar do Contraste Leiteiro oficial executado pelos então Serviços Veterinários dirigidos pelo Dr. Luís Sequeira de Medeiros, a quem devo a orientação do meu estágio curricular. A introdução de novos sistemas de trabalho em sintonia com o Método de Fleishmann e a aplicação de novas tecnologias de informação iniciou-se em 1982 com uma Texas Instruments Programável (TI57) que guardava os dados introduzidos e produzia os resultados finais assim como os cálculos relativos à lactação de cada animal. 



Mapa inicial (1980) preenchido manualmente com os cálculos feitos com a TI57


Só nos anos seguintes se daria início de uma forma mais elaborada e com apoio de um PC da Digital, um DEC Rainbow, e depois por um MAC SE (programa adaptado posteriormente para Filemaker),  á elaboração e sistematização do tratamento de dados de modo a que a apresentação formal do Contraste Leiteiro passasse a ser o que as imagens abaixo mostram e que viria ser o formato adoptado mais tarde pelas Organizações de Produtores - a Associação Agrícola da ilha de S. Miguel.


  Resultado de imagem para MAC SE

Texas Instruments Programmable (TI57) e um MAC SE
 usados no processamento do CLP.



Ficha de Lactação individual

Mensalmente os produtores recebiam um mapa de campo através do técnico contrastador onde deveriam registar as produções de leite para cada vaca leiteira em contraste nas duas ordenhas no espaço de 24 horas. Dos registos faziam parte, para além da quantidade de leite, as datas de parto, sexo das crias bem como as datas de cobrições e identidade dos respectivos touros ou IA.

Seguidamente e no espaço de 15 dias, o produtor recebia um RELATÓRIO DE CONTRASTE LEITEIRO onde eram apresentadas as produções acumuladas em leite, gordura e proteína, bem como as percentagens médias de gordura e proteína.

Recebia também um MAPA de MANEIO onde eram listadas todos os animais com problemas reprodutivos, com cobrições a efectuar e antevendo aquelas que teriam partos com antecedência de 2 meses.

Ainda recebiam um SUMÁRIO DE FERTILIDADE em que os animais eram agrupados por numero de lactação para indicadores de fecundidade tais como intervalo inter-partos, intervalos entre parto e primeira cobrição e intervalo entre parto e cobrição fecundante.

Uma FOLHA DE APURAMENTO DE LACTAÇÕES era também entregue no fim do ano com os elementos de todas as lactações completas e corrigidas aos 305 dias.

Também no fim do ano eram-lhe entregues os ÍNDICES DE SELECÇÃO que lhe permitiam seleccionar objectivamente as suas melhores vacas leiteiras através do CPER (Capacidade Produtiva Estimada e Relativa).


Mapa mensal

Mapa de Apuramento de Lactações




2. CONTROLO DE FECUNDIDADE E FERTILIDADE (CFF)
também conhecido por FERTECH nos anos 90



Capa do folheto de apresentação



Exemplar de mapa de recolha de informação para o CFF



A informação reproductiva entregue mensalmente aos produtores tinha por objectivo detectar a existência de problemas na condução das manadas e inclusive apreciar os custos de infecundidade.
Com base nesta informação era produzido um Mapa de Maneio onde mensalmente eram distribuídas as vacas leiteira a serem seguidas pelo veterinário: animais com 3 ou mais cobrições, datas prováveis de parição e ainda a identificação dos animais a cobrir com o número de dias pós-parto.



Mapa de Maneio


Lista de Participantes

Outra informação importante constava da Lista de Participantes no CFF ou Fertech, dando a relação de indicadores técnicos relevantes para os produtores da mesma zona geográfica, conferindo capacidade de comparação entre os mesmos e atribuindo a classificação da fertilidade global a cada manada leiteira.


Relatório Reprodutivo Mensal

Este relatório apresentava mensalmente todos os dados recolhidos (identificação das vacas leiteiras, número de lactação, datas de parto, datas de cobrição e respectivos touros,  e intervalos entre parto-cobrição fecundante, Intervalos inter-partos e nº de cobrições por vaca leiteira).


TRATAMENTO DE DADOS E PRIMEIROS RESULTADOS GLOBAIS - 1993 e 1994


A informação gerada pelo acompanhamento regular das explorações leiteiras com a colecta de dados relativos à reprodução das manadas constituía uma fonte de monitorização do seu status que possibilitava a implementação de orientações técnicas e a melhor condução do seu estado sanitário e de bem estar animal.


Orientações de política eram possíveis de serem criadas com base na informação mensal gerada pelo sistema Inforlacto.



Os primeiros resultados obtidos em 1983 como projecto piloto
 com um numero restrito de explorações leiteiras.


Fluxograma mostrando os procedimentos buróticos do CFF (Fertech)


Visualização gráfica de resultados para melhor compreensão
(casos reais)




Seguem-se alguns folhetos relativos ao CFF/Fertech concebidos para apoiar a consultadoria e a orientação técnica aos produtores. 



Folheto para despiste de situações reprodutivas anormais


Folheto Guia




3. GESTÃO TÉCNICO-ECONÓMICA (GTE)


Capa do folheto de divulgação

A GTE era a chave principal da iniciação ao sistema de informação. Todas as explorações que pretendiam aderir ao projecto teriam que iniciar com a GTE como fonte de informação económica que permitia logo nos primeiros meses adquirir uma imagem da situação da exploração leiteira.


Ficha de recolha de dados

A Ficha Mensal de obtenção de dados que eram processados posteriormente em computador (ZX81 no início, depois por um Spectrun e finalmente por um PC Digital Rainbow com 1MB RAM).
Esta ficha era recolhida mensalmente pelos técnicos envolvidos no projecto.


O Calendário do Produtor de Leite era outro formato de registo de despesas mais completo que introduzia à GTE e também ao cálculo das Margens Brutas.


Relatório Mensal

A informação disponibilizada todos os meses ao produtor e que servia de base para a orientação técnica de carácter económico da exploração leiteira. Indicadores como Produção de Leite à Base de Forragens, Concentrado por Litro de Leite, Azoto por Hectare, Custo directo do litro de leite e Encabeçamento, eram entre outros, aqueles indicadores que permitiam orientar a vida diária da exploração leiteira.


Relatório Anual

Relatório Anual com o resumo de todos os elementos técnicos e económicos essenciais à vida da exploração leiteira.


Lista de Participantes

Mensalmente era entregue ao produtor uma Lista de Participantes onde poderia comparar os seus níveis individuais de performance com os produtores da sua zona. 
Esta forma de apresentar os dados motivava a adesão ao projecto e incentivava a competição.




Outro aspecto da maior importância era a exploração estatística global dos dados que permitia produzir orientações de política.


Os dados aqui presentes referem-se aos primeiros obtidos entre 1983 e 1985 com a presença de um numero restrito de explorações aderentes que se iniciaram como projecto piloto.





Três folhetos que exemplificavam de forma muito simples a exploração dos dados obtidos com vista ao aconselhamento técnico e económico



Exemplo da exploração de dados no Relatório Mensal da GTE


         Este Fluxograma mostra os procedimentos buróticos que informavam a condução da GTE.

Contabilidade por Margens Brutas:a sua aplicação nunca teve grande incentivo porque partíamos do princípio que quem quisesse ter contabilidade deveria contratar esse serviço no sector privado dado que os motivos da sua existência estavam ligados à fiscalidade.


Exemplos de dois extractos da Contabilidade por Margens Brutas





4. PREVISÃO DA PRODUÇÃO LEITEIRA (PPL)



Folheto de divulgação

Esta ferramenta de trabalho manifestava-se com a maior importância uma vez que permitia gerar Fluxos de Caixa antecipando situações de maiores carências alimentares, necessidades de financiamento e de crédito, orientando investimentos e conferindo estabilidade à vida produtiva da exploração leiteira. 
Como foi referido inicialmente, baseava-se num estudo feito sobre a raça leiteira Friesian existente na ilha de São Miguel e publicado pela Universidade dos Açores. Este estudo foi mais tarde reproduzido e ampliado à ilha Terceira com um trabalho do Engº Vouzela.
A destacar que o ajustamento anual dos dados previstos eram de cerca de 95% para explorações com um único corpo de parcelário e não atingidas por factores epidemiológicos como a brucelose e ainda usufruindo de maneio reprodutivo com épocas de parição agrupadas, evitando carências alimentares estivais ou invernais (caso de uma exploração leiteira no Pico da Pedra pertencente a João Luís da Câmara).


Fluxo de Caixa e Mapa Previsional


Dois mapas representando casos reais


Mapa relativo ao detentor Flávio do Couto Oliveira com exploração leiteira nos Arrifes.

O estudo então realizado sobre a descrição algébrica das curvas de lactação sobre 600 bovinos leiteiros e a sua aplicação prática, permitia detectar diferentes problemas no maneio diário das manadas, nomeadamente a presença de factores alimentares e sanitários tais como brucelose, mamites, etc.



A INFORMAÇÃO DISPONIBILIZADA
PELO SISTEMA INFORLACTO 
(segunda vertente de apoio à consultadoria no campo)


Este Projecto foi inicialmente levado à prática com meios informáticos reduzidos (ZX81 Sinclair e Spectrum) tendo mais tarde no início dos anos 90 evoluído para o primeiro hardware portátil conhecido na época - um Epson HX20 com leitor de micro cassetes e impressora incorporada.


Este foi considerado o primeiro portátil existente no mercado
de grande fiabilidade e utilizado pela engenharia civil.


As microcassetes portadoras do software que "corria" no Epson HX20 e um exemplo de uma
impressão obtida por esse portátil, neste caso referente a um arraçoamento.


O objectivo central deste projecto era "a constituição de uma rede de informação e apoio á gestão e decisão de cerca de 200 empresas agropecuárias, suportada por um sistema informático de recolha e tratamento de dados e consultadoria directa ao empresário."

A sua justificação alicerçava-se em 3 pontos principais:

1. Promover a rentabilidade e produtividade das explorações leiteiras;
2. Aumentar o grau de tecnicidade e de espírito empresarial;
3. Contribuir para a definição de um modelo integrado de gestão/vulgarização/ experimentação/formação profissional.

Assim, a utilização de microcomputadores portáteis, deveriam colocar à disposição dos técnicos envolvidos, um conjunto de programas que lhe conferissem a autonomia na elaboração de estudos de casos, simulação e acompanhamento de projectos empresariais.

Os programas ou software a aplicar seriam:

1. Formulação de Arraçoamentos e Planeamento Alimentar - NUTRIBOV
2. Fertilização de culturas forrageiras - FORRAGEST
3. Planeamento e simuladores de actividade tipo "What if" - WHAT IF, MILKQUOT, MASTITE
4. Gestão de Recursos Forrageiros - ERBOGEST
5. Programas periciais de análise de investimentos - PREDICT


Seguem-se alguns exemplos destes programas feitos em BASICA e destinados no início ao Epson HX20 e depois a qualquer computador portátil que em fins dos anos 90 já apareciam no mercado nomeadamente um Toshiba T1100 com um processador de 4.77 MHz Intel 80C88, Sistema Operativo MS-DOS 2.11, 720Kb 3.5" drive para floppy disk  e 512Kb de RAM e sem Disco Duro!

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Toshiba T1000
Toshiba T1100



Floppy Disk



           PREDICT                            MASTITE                               WHAT IF - PLANEAMENTO  

Exemplos de extractos com resultados relativos a situações reais

 MILKQUOT                       ERBOGEST


Em 1993 este conjunto de programas constavam de um Manual do Utilizador denominado GESTAGRI cujo objectivo era apoiar os técnicos envolvidos neste projecto na operação e utilização correctas deste software.

Em Conclusão:

Este Sistema Global de Gestão das explorações leiteiras todo informatizado sob a designação de INFORLACTO constava já em Janeiro de 1994 de uma proposta de funcionamento integrado com o Centro de Bovinicultura das Arribanas (CBA) onde por despacho do Director Regional datado de 29 de Março de 1994 deveriam constar da sua estrutura orgânica: 

1. o SIAB (Subcentro de Inseminação Artificial de Bovinos) que englobaria:

1.1  a Unidade de Selecção e Melhoramento Animal constítuida pelo Laboratório de Produção de Sémen e de Transferência Embriónica, Livro Genealógico e a Produção de Azoto Líquido;

1.2  a Unidade de Supervisão do Contraste Leiteiro com o Laboratório de Contraste Leiteiro;

1.3  o Gabinete de Controlo Higio-Sanitário

2. e a Unidade de Vulgarização Técnico-Económica (ex PMAP e antigo PMEL) com as componentes de trabalho descritas acima tais como a GTE, CFF/Fertech, PPL, Consultadoria com apoio Gestagri, Unidade de Teste de Máquinas de Ordenha com Programa de Economia de Controlo de Mamites;

3. finalmente o POSTO HÍPICO e o Campo de Santana como recurso forrageiro, garantiriam a sustentabilidade dos reprodutores e vacas leiteiras do CBA que passariam a estar envolvidos no estabelecimento de um índice dinâmico de selecção animal designado por BCA (Breed Class Average) e na Avaliação Linear de touros jovens (Holstein-Friesian) privados e do próprio CBA.

Este projecto inovador funcionou parcialmente durante 2  anos com base num protocolo estabelecido com a Unileite garantindo a sua quase autonomia e sustentabilidade financeira e envolvendo quinze técnicos, dois administrativos e nove operários tratadores de animais.

Ainda em 1987 surgira um outro programa oficial com o objectivo de introduzir boas práticas no maneio das pastagens e nas ordenhas mecânicas de modo a promover a qualidade do leite e a introdução de novos projectos de instalações pecuárias.
Neste âmbito procedeu-se na altura à avaliação dos programas existentes através de uma auditoria conduzida pelo instituto irlandês "An Foras Taluntais" com quem a Secretaria Regional da Agricultura e Pescas havia estabelecido protocolo de colaboração.
O respectivo relatório de 12 páginas, elaborado por W. A. Fingleton e reproduzido abaixo, viria a revelar a importância de um Sistema de Informação como o Inforlacto assim como as suas bases conceptuais bem estruturadas e ainda a necessidade da sua expansão com meios humanos e recursos informáticos. Tal nunca viria a efectivar-se por terem sido tomadas outras opções de natureza política.







Relatório COS 1987



Após 1998 a crise financeira em que se encontrava a Região Autónoma dos Açores conduziu à reavaliação de todos os projectos e programas dos serviços oficiais e à reestruturação minimalista dos recursos alocados ou mesmo ao seu términos ou entrega a terceiros.

Trinta e um anos depois a Região Autónoma dos Açores continua carenciada de um projecto com esta envergadura que deveria ser também conduzido, na nossa opinião, por uma organização de produtores, apoiando e orientando os produtores na tomada de decisões técnico-económicas da sua exploração.

Por outro lado a iniciativa privada e o empreendedorismo dos jovens técnicos, agrónomos, zootécnicos, veterinários e outros profissões ligadas à gestão ambiental, encontrarão talvez aqui inspiração e um motivo de se associarem e criarem novas perspectivas para o futuro da agropecuária açoriana.

Só para referir alguns dos possíveis serviços técnicos para o futuro:

  • Consultadoria de gestão da exploração leiteira
  • Nutrição e alimentação animal
  • Pesquisa de mercados locais e monitorização de custos
  • Monitorização de aspectos ligados à sanidade animal
  • Utilização de indicadores técnicos para orientação de políticas económicas
  • Consultadoria em genética e reprodução animal
  • Consultadoria ambiental, utilização de energias alternativas e produção orgânica
  • Bem estar animal
  • Produção forrageira e gestão de solos
  • Instalações pecuárias, robotização e utilização de NTI`s

Adiando o aparecimento de um projecto desta natureza, estaremos a fazer crescer o fosso que nos manterá distanciados da Europa mais de 40 anos na criação de uma mentalidade empresarial e na adopção das novas tecnologias de informação no século XXI.




As opiniões aqui expressas são da inteira responsabilidade do seu autor.





Artigo publicado no jornal Açoriano Oriental sobre o tema exposto
sob a responsabilidade da Universidade dos Açores (UAciência)





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